O que é a apneia do sono?
A apneia do sono [2] (ou SAOS – Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono) é um distúrbio respiratório caraterizado por pausas de respiração durante o sono.
Aprofundando um pouco...
A apneia do sono é marcada por pausas recorrentes na respiração, cada uma com uma duração mínima de 10 segundos, que podem ocorrer várias vezes por hora de sono. Estas interrupções são conhecidas por apneias ou pausas respiratórias, podendo diminuir significativamente a qualidade de sono e a qualidade de vida de forma geral.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Existem vários tipos de apneia do sono. Aqui está um breve resumo de cada:
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)
Este é o tipo mais comum [4], ocorrendo quando os músculos da garganta relaxam excessivamente durante o sono.
Isto bloqueia as vias aéreas e dificulta (ou impede) a respiração, podendo estas pausas durar segundos ou minutos.
Apneia Central do Sono (ACS)
Um tipo de apneia menos comum, a ACS [5] acontece quando o cérebro não envia os sinais corretos para os músculos responsáveis pela respiração.
Ao contrário da AOS, as vias aéreas não são obstruídas – apenas há uma falha de comunicação entre o cérebro e o resto do corpo.
Apneia Mista (ou Complexa) do Sono
Este tipo de apneia combina características da apneia obstrutiva com as da apneia central.
Por norma, começa por se manifestar como apneia central, acabando por apresentar episódios de apneia obstrutiva.
Quais são os sintomas da apneia do sono?
Os principais sintomas da apneia do sono são:
- Ressonar alto;
- Episódios de respiração ofegante ou sufoco durante o sono;
- Despertares assustados com uma sensação de falta de ar.
Porém, também existem alguns sintomas secundários:
- Fadiga diurna persistente (cansaço durante o dia, mesmo com horas suficientes de sono);
- Dificuldades de concentração e memória;
- Distúrbios de humor;
- Dores de cabeça matinais.
Os sintomas secundários têm tendência a surgir mais a longo prazo, já que a apneia do sono não é muito fácil de identificar.
De um modo geral, as pessoas com apneia do sono não são as primeiras a reconhecer a sua condição. É bastante comum que os seus parceiros percebam os sintomas primeiro, como as pausas na respiração durante o sono – muitas vezes, acompanhadas por ressonar e inquietação.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Assim sendo, casais que durmam juntos terão, em princípio, mais facilidade em identificar a apneia do sono.
O que é que provoca a apneia do sono?
As causas fisiológicas da apneia do sono variam conforme o tipo específico de apneia que for identificado no paciente em questão.
- A apneia obstrutiva tem um aspeto mais "mecânico" (relaxamento excessivo dos músculos, que bloqueia a passagem de ar);
- A apneia central está mais relacionada ao sistema nervoso (o cérebro não envia sinais de forma adequada aos músculos).
Os motivos por detrás destes problemas poderão ser chamados de "fatores de risco".
Os principais fatores de risco para adultos incluem o excesso de peso (ou mesmo a obesidade), a diabetes tipo 2, um histórico familiar de apneia de sono e a idade avançada.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Para além destes principais fatores que Caroline mencionou, podemos adicionar os seguintes:
- Sexo masculino: homens têm uma probabilidade ligeiramente maior [6] de desenvolver apneia do sono;
- Características físicas: um maxilar mais pequeno, um excesso de tecido na garganta, uma língua grande ou amígdalas aumentadas podem aumentar o risco de desenvolver apneia do sono;
- Tabagismo e consumo de álcool: aqueles que fumam e/ou bebem têm um maior risco de apneia de sono;
- Posição de sono: a apneia de sono pode desenvolver-se (ou piorar) ao dormir de barriga para cim [7]a;
- Comprometimento da sáude respiratória: problemas pulmonares ou nasais têm sido associados a uma maior probabilidade de apneia de sono.
Como é que é feito o diagnóstico de apneia do sono?
Apesar de alguns dos sintomas serem fáceis de identificar por conta própria, a apneia do sono é uma condição de saúde que requer diagnóstico médico.
Muitos pacientes com apneias e microdespertares não se apercebem dessas interrupções, o que, frequentemente, resulta num atraso na procura de atendimento médico.
Cerca de 80% das pessoas afetadas não sabem da sua condição!
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Para além da avaliação médica, existe a possibilidade do diagnóstico ser complementado por testes de sono.
Estes testes podem ser realizados no domicílio (através de um aparelho específico que monitoriza as alterações fisiológicas do paciente durante a noite) ou em instituições/clínicas de sono, através da polissonografia.
O que é a polissonografia?
A polissonografia [9] é considerada o "padrão-ouro" (ou gold standard, em inglês) para diagnosticar inúmeros distúrbios de sono, fornecendo informações valiosas que não são possíveis de obter através de outros exames.
É um exame que consiste em dormir num laboratório de sono, com sensores e eletrodos ligados ao corpo, para monitorizar:
- Atividade cerebral
- Fluxo de ar e padrão respiratório
- Oxigenação sanguínea
- Movimentos corporais
Apesar do grande número de sensores e equipamentos instalados, é considerado um exame não invasivo – sendo projetado para ser o mais confortável possível.
Se tiver suspeitas de apneia de sono, faça uma consulta com um profissional de saúde qualificado.
É fundamental consultar um profissional de saúde assim que o seu parceiro observar pausas respiratórias durante o sono, ou outros sintomas que possam prejudicar significativamente a sua vida profissional e social.
Nesses casos, o médico poderá orientá-lo e encaminhá-lo para um especialista para avaliação e tratamento.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Quando é que a apneia do sono é grave?
Uma vez diagnosticada, a apneia do sono é facilmente gerida.
No entanto, a falta de tratamento pode resultar em consequências graves.
As pausas respiratórias características da apneia do sono levam a flutuações na frequência cardíaca, tornando-a mais lenta durante as pausas e mais rápida ao retomar a respiração.
Estas flutuações podem sobrecarregar o músculo cardíaco (miocárdio) ao longo do tempo, podendo conduzir a sérios problemas de saúde.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Para além das consequências cardíacas [10], a apneia do sono pode ter consequências noutros sistemas a longo prazo, desencadeando, por exemplo:
- Doenças metabólicas (diabetes, hipertensão, dislipidemia...);
- Hipertensão pulmonar;
- Problemas neurológicos;
- Sonolência diurna;
- Doenças hepáticas.
Podemos, então, concluir que a apneia do sono é grave quando não é tratada corretamente, já que pode ter vários impactos no nosso organismo.
Todos os distúrbios de sono afetam o bem-estar a curto prazo, mas também têm consequências para a saúde a longo prazo. Essas consequências podem incluir alterações no apetite e na sede, aumento do risco de obesidade, problemas respiratórios e hipertensão arterial.
De uma forma geral, o sono inadequado prejudica diretamente o funcionamento cognitivo e emocional [11]. Isto leva a dificuldades de concentração, redução do estado de alerta, irritabilidade e, em alguns casos, até depressão.
Essencialmente, a falta de sono afeta significativamente a saúde e a qualidade de vida!
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Tratamento da apneia do sono
O tratamento da apneia do sono passa, principalmente, por uma mudança no estilo de vida e na utilização de dispositivos de auxílio respiratório.
Apenas alguns casos mais graves evoluem para necessidade de cirurgia.
Não há medicamentos disponíveis para esta condição.
Atualmente, o único tratamento comprovado para a apneia do sono é a ventilação assistida através de um dispositivo de pressão positiva.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Este é o famoso CPCP – dispositivo de Pressão Positiva Contínua das Vias Aéreas (ou, em inglês, Continuous Positive Airway Pressure).
Através de uma máscara utilizada sobre o nariz e/ou boca enquanto dorme, o CPAP [12] envia um fluxo constante de ar pressurizado, que mantém as vias aéreas superiores abertas, prevenindo, assim, as pausas na respiração.
Por isso, é importante consultar um médico especializado em distúrbios do sono, pois só assim poderá determinar o melhor plano de tratamento.
Porém, não adianta investir apenas no CPAP. Lembre-se que a apneia do sono possui outras causas subjacentes.
O que é que posso fazer para melhorar a apneia do sono?
É fundamental abordar outros fatores contribuintes.
A gestão de problemas relacionados, como a obesidade e distúrbios cardiovasculares, bem como influências ambientais (estilo de vida sedentário, stress e tabagismo, por exemplo) é importante no tratamento geral da apneia do sono.
Caroline Rolland
Fisioterapeuta
Estas são algumas dicas que pode implementar na sua rotina para melhorar os sintomas de apneia do sono:
- Praticar exercício físico regularmente;
- Reduzir o peso;
- Evitar o consumo de álcool e tabaco;
- Controlar outras doenças subjacentes;
- Evitar dormir de costas.
Como é que um fisioterapeuta pode ajudar a tratar a apneia do sono?
Agora que já sabe tudo o que precisa sobre a apneia do sono, chegou o momento de perguntarmos à Caroline...
Afinal, qual é o papel de um fisioterapeuta neste tratamento?
Veja o que ela nos disse sobre o assunto:
"A gestão dos fatores relacionados é uma das melhores maneiras de aliviar os sintomas da apneia do sono, e é aí que a fisioterapia pode realmente fazer a diferença.
Embora os fisioterapeutas não possam substituir os tratamentos fornecidos por uma equipa médica, o seu envolvimento pode melhorar significativamente a gestão dos sintomas da apneia do sono.
Indivíduos ativos que pratiquem desporto e façam exercício físico regular geralmente têm melhor qualidade de sono comparando com aqueles que têm um estilo de vida sedentário.
Como a apneia do sono é mais frequentemente observada em pessoas com excesso de peso, a incorporação de exercício físico e de uma dieta equilibrada é fundamental para o controlo eficaz dos sintomas da doença.
⚠️ No entanto, é importante notar que nem todos os fisioterapeutas são treinados para ajudar com a apneia do sono. Para obter orientação adequada e ser encaminhado para um fisioterapeuta especializado, consulte o seu serviço de saúde."
Qual é o papel da atividade física noturna no sono?
"É uma crença comum que fazer exercício antes de dormir pode dificultar o adormecer.
No entanto, a prática de atividade física nas quatro horas antes da hora de dormir pode ser benéfica para a saúde física e mental. 😴
Estudos [13] feitos com indivíduos saudáveis demonstraram que o tempo gasto em sono profundo aumenta após a prática de atividades físicas, comparando a períodos de inatividade.
Isto é particularmente relevante devido à tendência moderna para um estilo de vida mais sedentário, que tem sido associada a um aumento de doenças como a obesidade e a diabetes.
A ligação entre a atividade física e a qualidade do sono é bastante evidente. Foi demonstrado que a prática regular de atividade física facilita uma transição mais suave do sono para a vigília, e aumenta a motivação ao longo do dia.
Porém, é fundamental equilibrar o desporto e o sono, pois um influencia o outro. ⚖️
A má qualidade de sono pode levar à diminuição da eficiência e ao aumento da fadiga devido à recuperação muscular inadequada, levando à rigidez, inflamação, lesões e outros problemas.
Não há um consenso universal sobre o melhor tipo de atividade desportiva noturna, a sua intensidade, duração ou frequência. O que é evidente é a melhoria do estado de vigília e a redução da fadiga no dia seguinte."
Saiba mais sobre a Caroline
A Caroline Rolland é uma fisioterapeuta e osteopata de renome, com mais de dez anos de experiência profissional.
A sua prática abrange o tratamento de adultos e crianças em França, especializando-se numa ampla variedade de condições, inclunido o reumatismo, distúrbios neurológicos e problemas respiratórios (como a apneia do sono).
Para além disso, a Caroline desempenha, também, um papel vital no apoio a pacientes com cancro da mama, oferecendo assistência especializada – desde os cuidados pré-operatórios até à reconstrução mamária.
Recentemente, expandiu o seu campo de atuação para incluir o treino de atletas, preparando-os para enfrentar os desafios do ambiente competitivo.
Perguntas Frequentes (FAQ)
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Que almofada devo usar com apneia do sono?
A almofada ideal para quem tem apneia do sono deve dar apoio à cabeça e ao pescoço de forma adequada, para manter as vias aéreas abertas.
Almofadas que elevem a cabeça (como é o caso das almofadas anti-refluxo, por exemplo) podem ser uma boa opção – desde que não prejudiquem o alinhamento do pescoço e da coluna.
Ultimamente, temos gostado muito de almofadas ajustáveis ou ortopédicas.
As almofadas ajustáveis são as nossas preferidas, pois estas têm um enchimento removível, de forma a permitir a regulação exata da altura mais adequada às suas necessidades.
Veja algumas das nossas preferidas desta categoria:
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Fontes
- 1 https://www.linkedin.com/in/caroline-rolland-33866417b/
- 2 Síndrome de apneia obstrutiva do sono
- 3 https://www.fundacaoportuguesadopulmao.org/publicacoes/conteudos/sindroma-de-apneia-obstrutiva-do-sono/?sback
- 4 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/nbk459252/#:~:text=obstructive%20sleep%20apnea%20(osa)%20is%20characterized%20by%20episodes%20of%20a,results%20in%20fragmented%2c%20nonrestorative%20sleep.
- 5 Central sleep apnea - Symptoms and causes - Mayo Clinic
- 6 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc2727690/
- 7 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc3817704/
- 8 Síndrome de apneia obstrutiva do sono
- 9 Polissonografia
- 10 UpToDate
- 11 Obstructive sleep apnea, depression and cognitive impairment - PubMed
- 12 Tratamento apneia do sono - Terapia Cpap Portugal
- 13 Effects of Evening Exercise on Sleep in Healthy Participants: A Systematic Review and Meta-Analysis - PubMed
- 14 Effect of tele-yoga on aerobic capacity, respiratory muscle strength, and cognitive performance in patients with obstructive sleep apnea syndrome - PubMed
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